quinta-feira, 17 de janeiro de 2008

Introdução ao Tema do Criacionismo

AS PRINCIPAIS COSMOVISÕES SOBRE O TEMA DAS ORIGENS

No tempo presente vivenciamos uma grande crise entre as várias cosmovisões, teorias e correntes filosóficas que pesquisam a origem do Universo, da vida na Terra e do surgimento da vida humana. Muitos são os pressupostos que são colocados aos estudantes como dogma científico, mas que são seriamente questionados por cientistas de outras correntes de interpretação. Portanto, se faz necessário estar sempre informado quanto às constantes descobertas e ao que realmente pode ser considerado um fato científico comprovado e não mera especulação, ou mesmo uma distorção de dados e informações.

ASPECTOS HISTÓRICOS:

Até o século XVII, imperava o conceito de que o conhecimento proveniente de Deus era o mais essencial à humanidade. Baseado na Bíblia e na natureza, os princípios do Empirismo foram estabelecidos. Muitos cientistas de renome como Blaise Pascal, Louis Pasteur, Isaac Newton, entre outros, eram homens de profunda fé nas Escrituras. Todavia, com o advento do Iluminismo e dos movimentos de características ateístas do século XIX, houve um forte rompimento entre a Ciência e a Religião. Causando um verdadeiro afastamento, sendo que hoje é considerado para muitos cientistas ser impossível conciliar a Bíblia com a Ciência.

PRINCIPAIS MODELOS SOBRE O TEMA DAS ORIGENS

1. Evolucionismo Naturalista:

Neste paradigma não há espaço para religião e muito menos para Deus. Considera-se então a Ciência, como uma ilimitada fonte de conhecimentos para a solução de todos os problemas e, suficientemente capaz para decifrar todos os enigmas. Aquilo que não é solucionado ou esclarecido hoje, no futuro o será...
Alguns postulados básicos desse modelo:
· A matéria existiu sempre ou surgiu por acaso.
· A vida originou-se a partir de matéria inerte (abiogênese).
· Todos os organismos atuais descendem de um ancestral comum.
· A vida pode ainda ter-se originado de organismos extraterrestres.
· Os seres vivos desenvolveram-se, casualmente, para níveis de maior complexidade.
Dentre os principais e graves problemas do Evolucionismo Naturalista encontram-se os seguintes: a inexplicável origem abiogenética da vida; a irreversível marcha dos processos naturais em direção ao caos (2ª Lei da Termodinâmica), o que implica na diminuição de complexidade (involução); a ausência dos elos intermediários, tão importantes da “grande árvore filogenética”...
2. Evolucionismo Agnóstico:
Neste modelo, basicamente semelhante ao anterior, não se afirma categoricamente a inexistência de Deus.
Seus principais postulados são os seguintes:
· “Deus” não pode ser parte de nossa compreensão do mundo.
· Não se defende o ateísmo nem o teísmo. · Aceita-se o Evolucionismo em sua forma integral.
· O cientista não deve transpor os limites que lhe são proporcionados pela metodologia científica.
3. Evolucionismo Panteísta:
O modelo em questão, já se diferencia dos anteriores visto que, considera a existência de uma divindade. Quem é esse “Deus”?
Analisemos alguns pressupostos desta estrutura conceitual:
· “Deus” e o mundo formam uma unidade, constituindo-se um todo indivisível.
· “Deus” impregna todo o universo, sendo assim um ente impessoal.
· A natureza é o próprio “Deus”, que progride com a evolução.
Este deus que evolui simultaneamente com a natureza e, que não se relaciona, ao nível pessoal, com os seres (que não foram criados, diretamente por ele), certamente não é o Deus revelado na Bíblia.
4.Evolucionismo Deísta:
A grandiosidade do espaço sideral, a complexidade da vida e outras realidades que sensibilizam a razão humana, constituem o motivo principal que inspira os deístas a admitirem a existência de Deus.
Vejamos então os principais enunciados deste paradigma:
· A existência de um deus criador apenas como exigência da razão.
· Determinados conceitos – pecado, redenção, providencia, perdão e graça – não existem, pois constituem idéias irracionais.
· Não existem milagres nem o sobrenatural, porém, a ordem do Universo provém de um deus da natureza e não da humanidade, portanto, um deus impessoal.
· Este deus teria sido imprescindível no processo evolutivo – originou a vida e orientou os mecanismos de formação de alguns sistemas biológicos complexos.
O modelo apresenta um deus estranho que se envolve, ao longo do tempo, com os processos evolutivos... Assim, este paradigma defende uma associação entre Ciência e Religião duplamente equivocada.
5. Evolucionismo Teísta:
O Evolucionismo Teísta está se tornando cada vez mais popular e está sendo considerado, por um grande número de cientistas, como a cosmovisão mais equilibrada, onde a ciência e a religião se compatibilizam plenamente. Entretanto, esta harmonia existe verdadeiramente?
Consideremos alguns princípios do paradigma em questão:
· “Deus” criou a matéria com propriedades evolutivas, no entanto teria existido possibilidade ou liberdade para o desenvolvimento das mutações e da seleção natural.
· “Deus” coordena o processo contínuo da evolução, intervindo em determinadas ocasiões, para facilitar processos mais complexos, como por exemplo, o surgimento da vida, mudanças macroevolutivas, etc.
· “Deus” participou, mais afetivamente no processo evolutivo, por ocasião do aparecimento do “Homo sapiens”, imprimindo nele características mentais mais nobres, relativamente à fase anterior (“Homo erectus?”).
Principais problemas deste modelo:
· A tentativa de se associar a evolução com o texto bíblico, exige de imediato a reinterpretação dos onze primeiros capítulos de Gênesis.
· Que deus seria esse que demorou milhões de anos, passando por um tortuoso caminho de morte e destruição, em que apenas o mais forte prevalece na luta pela sobrevivência, para finalmente atingir o objetivo supremo – a “criação” do homem?
· Teria esse deus extraído – deliberadamente – do registro fóssil todos os seres de transição?
· A lentidão do processo evolutivo e o fator competição são incompatíveis com o poder criativo, sabedoria e bondade de Deus, como revelado na Bíblia.
6. Criacionismo Progressivo:
O Criacionismo Progressivo é um modelo derivado do catastrofismo múltiplo de Cuvier. Os adeptos desta estrutura conceitual consideram ter logrado conciliar, com sucesso, os longos períodos da coluna geológica (“Ciência”), com prolongados atos criativos de Deus (“Religião”), sem a necessidade de recorrer à hipótese da evolução.
A seguir, alguns postulados do modelo:
· Deus criou, progressivamente, ao longo de vastos períodos de tempo, conforme a seqüência observada no registro fóssil.
· Os dias da criação não teriam sido literais, mas sim representariam períodos de mil anos ou mais (teoria dos dias-eras).
· Alguns ainda consideram os seis dias, da primeira semana de Gênesis, como dias literais de revelação e não de criação.
7. Criacionismo Bíblico:
Principais postulados do modelo criacionista bíblico:

· A Bíblia é a Palavra de Deus escrita. São muitas as evidências disponíveis que lhe conferem autenticidade – historicidade (confirmada pela Arqueologia); coerência interna; profecias cumpridas com exatidão; sua preservação, praticamente intacta, ao longo dos séculos; etc. assim, os relatos das origens e do Grande Cataclismo, como descritos no livro de Gênesis, constituem verdades históricas (II Timóteo 3:16 e 17). · A substância física do Universo e as leis de interação que a caracterizam, foram trazidas à existência pelo Criador e constituem a manifestação de Seu propósito.
· No período definido por seis rotações sucessivas do planeta Terra, há aproximadamente 6.000 anos, o Criador organizou e/criou um mundo muito superior, muito mais ordenado e complexo... para prover um ambiente ideal para os seres vivos, e colocou ali os ancestrais de todos os organismos que têm vivido neste planeta...
· Os primeiros capítulos de Gênesis descrevem um mundo perfeito, criado com inteligência, sabedoria e propósito, onde o ser humano poderia perscrutar da própria natureza as leis naturais e os seus correspondentes princípios.
· A Criação, inicialmente perfeita, que refletia a personalidade do Criador, foi modificada subseqüentemente como resultado do pecado.
A. Com a introdução do pecado, começam então a entrar em operação processos degenerativos, resultando na conseqüente diminuição de complexidade e de ordem (explicada pela 2ª Lei da Termodinâmica). Inicia-se uma nova ordem ecológica, caracterizada pelo ciclo de vida-morte. Com efeito, a morte torna-se o destino de todos os organismos. A natureza passa a mostrar, pela primeira vez, uma segunda face – a face disforme (Gênesis 3: 14 – 19). Os ecossistemas são significativamente modificados. A vida continua, porém, sob precárias condições, relativamente à ideal (perfeição original). Uma nova cadeia alimentar se estabelece, possibilitando o aparecimento – pela primeira vez – dos predadores e da luta pela sobrevivência (ou, “sobrevivência do mais apto”).
B. Como entender que o atual “equilíbrio ecológico” – aparentemente perfeito (incríveis habilidades tanto para o ataque ou captura como para a defesa ou escape, dentre muitos outros mecanismos de sobrevivência) – possa depender da presença simultânea das duas referidas faces da natureza? Teria Deus, no momento da queda, de maneira sábia e inteligente, ativado um projeto alternativo - o plano “B”, já programado (sistema imunológico, coagulação do sangue, etc.)? O próprio originador do pecado teria ainda tido liberdade para interferir negativamente e promover, direta ou indiretamente, profundas alterações (desordem e deformação) na natureza, descaracterizando assim significativamente o próprio plano “B”?
C. As faces bela e disforme da natureza se apresentam misturadas nas mais variadas proporções. Essa estranha associação pode ocasionar conflitos na mente daquele que se propõe a investigar a natureza, dando margem para diversas interpretações. No estudo do desenvolvimento da vida, nas mudanças e adaptações dos seres vivos, podemos identificar leis conservativas (conferindo, aparentemente, a autonomia e a auto-perpetuação) que se combinam misteriosamente com processos degenerativos. No entanto, o Criador concede – a todo ser humano – liberdade de escolha, inteligência e discernimento. Estes atributos são mais que suficientes para que o estudante da natureza perceba, por meio do conhecimento bíblico e científico: por um lado, as inúmeras evidências de planejamento (Romanos 1: 20); por outro lado, os reais motivos de Satanás e a confusão que o pecado trouxe à natureza (Isaías 24: 4-6) e à própria mente humana (Jeremias 17: 9). Portanto, a perfeita interação entre o homem e a natureza foi séria e duplamente prejudicada, inclusive no que diz respeito à obtenção de conhecimento autêntico, mediante a pesquisa científica, diferentemente do que ocorria antes da queda (ver princípios IV e V).
D. Os organismos criados foram dotados com a capacidade de propagação com modificações, que tem resultado em um amplo leque de adaptações e especializações dentro de tipos básicos (“microevolução”). Esse “tipo básico” é equivalente ao termo “espécie” utilizado repetidamente na narrativa bíblica da criação (Gênesis 1 e 2). Assim, os tipos básicos, criados na semana da criação, podem hoje ser correlacionados a unidades taxonômicas mais abrangentes (Gênero e Família), além da unidade básica – Espécie. Nesse caso, a origem das “espécies” não estaria vinculada ao “tronco” de uma única “árvore”, mas sim a uma “floresta”, cujos “troncos” corresponderiam aos vários tipos básicos. Ou seja, alguns “troncos” representariam a unidade Família, outros seriam equivalentes a Gênero e outros ainda corresponderiam à própria Espécie.
E. A superfície do planeta foi radicalmente transformada – mediante a ação catastrófica de Fenômenos Geológicos Globais – em um evento (“Cambriano” ao “Terciário”), ocorrido após a criação, conhecido como Dilúvio (evidenciado nos estratos geológicos e no registro fóssil). Essa Grande Catástrofe soterrou os ambientes previamente existentes e resultou em um mundo pós-diluviano que, em muitas situações, proveu condições ambientais drasticamente diferentes para os organismos vivos.
F. Configura-se então, após o Dilúvio, a importância das mudanças “microevolutivas” ou adaptativas, para o povoamento dos novos e variados ecossistemas recém estabelecidos (Gênesis 7 e 8). A luta pela sobrevivência se torna mais acirrada, relativamente às condições prevalecentes anteriormente (período compreendido entre a Queda e o Dilúvio – ver princípio VI). A biodiversidade torna-se, evidentemente, mais complexa e ampla. Intensifica-se o surgimento de novas “espécies” (restritas ao correspondente tipo básico). Essas mudanças ocorrem atualmente (“Holoceno”), no entanto, foram mais acentuadas logo após a Grande Catástrofe (“Pleistoceno”), ocasião em que coexistiram seres humanos (hoje extintos) com características peculiares (Homo erectus, Homo sapiens neanderthalensis, dentre outros).
G. O planeta Terra no seu aspecto físico será, no futuro, totalmente restaurado, imediatamente após o desfecho justo e misericordioso do grande conflito entre o bem e o mal (Apocalipse 20, 21 e 22). O pecado e o seu cruel e astuto originador (Satanás) serão extirpados para sempre. O Criador procederá, novamente, a atos de criação e transformação. A morte já não mais existirá. Todos os ecossistemas estarão completamente livres de predadores (Isaias 11: 6-9). O atual e precário “equilíbrio ecológico” será extinguido. A perfeição edênica será implantada definitivamente (Isaías 65: 17; Apocalipse 21: 1-7).

8.Design Inteligente:
Proposta:
· Detectar, empiricamente, evidências de planejamento ou inteligência na natureza.
Pressupostos Básicos:
· Evidências de complexidade especificada são abundantes na natureza.
· Aceita-se a Teoria Especial da Evolução TEE (Microevolução).
· Rejeita-se a Teoria Geral da Evolução TGE (Macroevolução).
· A TDI não deve ser confundida com Criacionismo.
Principais Proponentes:
· William Paley – Precursor; teólogo: 1743 – 1805.
· Willian Dembski – Matemático e Filósofo.
· Michael Behe – Bioquímico.
Argumentos mais Freqüentes:
· Complexidade Irredutível: Sistemas biológicos cujas partes apresentam uma interdependência funcional.
· A impossibilidade da Macroevolução (TGE): inexistência de um mecanismo capaz de gerar nova informação genética. Ausência dos presumíveis seres de transição no registro fóssil. Improbabilidade da Evolução.
Restrições:
· A TDI é agnóstica em relação à origem do design (Designer) – não é feito a associação intuitiva entre planejamento e o planejador ou entre projeto e o projetista.
· Esse modelo conceitual se detém quase que exclusivamente, no campo da Biologia.

Bibliografia:

Naor Neves de Souza Jr. (Editor), Uma Breve História da Terra, Brasília/DF, Sociedade Criacionista Brasileira, 2ª Edição, 2004, Páginas 139 a 157. _____________________, CD-ROM História da Vida, volume 2, Tatuí/SP, CPB.

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